Re(ve)lação abusiva

              Como planejado, ele saiu com sua esposa da capital paulistana, e na pequena cidade do interior de Minas Gerais veio fundar a sua igreja, pastor Paulo, nome de santo, e dos famosos!
Lajinha foi o lugar revelado, nos sonhos do conquistador de almas e nos olhos brilhantes do amante dos cifrões.
Vão vendo!
Fez alguns convites de porta em porta, antes de chegar já tinha gente do lugar que sabia dos negócios e como sócios preparou o terreno, antes do plantio das idéias, não demorou muito, dum local improvisado, logo ganhou “endereço certo”, e como os peixes, os fiéis e o pão de cada dia de Paulo foram multiplicando.
Foi ganhando prestígio e admiração, por seus sonhos revelar coisas do coração, direto de Deus o dom da adivinhação, mas esse apostolo tinha ouvintes que se rastejava pelos chãos dos lares como as cobras de Adão e Eva, que facilitavam o milagre do pastor.
No culto juvenil de quarta feira, Sara menina de 14 anos, inteligente, talentosa com sua voz nos louvores, foi abraçar o pastor para despedir ao final da cerimônia, mas sentiu um abraço diferente, e nunca tinha sentindo daquele jeito, também percebeu o que não via antes, depois do abraço um olhar de “cachorro na porta do açougue”, ficou entre a dúvida e o choque.
No dia seguinte Paulo não perdeu tempo, teve mais uma revelação, mas somente Sara foi escolhida para ouvir, disse o que senhor Deus revelou, que ela seria sua esposa para servir a Deus e ajudar a conduzir a obra, e outra! não podiam falar isso para ninguém, para não quebrar a promessa divina, pobre menina, não sabiá que seu coração estava na guilhotina.
Passaram alguns dias sem tocar no assunto, Sara sem quem conversar e desabafar, não teve escolha na hora em que ele chamou ela para dentro do carro alguns minutos depois de sair da escola, em pleno ensino fundamental. Falou que era o dia escolhido e que já não aguentava mais, de vontade de beijar ela e sentir a benção divina, a pequena Sara, diante do boa pinta do prestigiado pastor, sem defesa se entregou dentro do carro, a alguns quilômetros da pequena cidade, no silêncio distante dos cafezais.
Passaram alguns meses e isso se repetiu, ao mesmo tempo que muitas outras revelações surgiam e as vezes só algumas meninas ouviam.
Passaram se dois anos e meio e Sara começou a cobrar de Deus a promessa e poder contar para as pessoas para ela especiais.
A esposa do pastor que com os negócios desanimou, e com os abusos que sempre acobertou, da relação se despediu e para São Paulo partiu. E Sara com 18 anos agora, o relacionamento para a igreja o pastor assumiu, depois de quatro anos, olha o que o destino sucumbiu.
Depois destes quatro anos de abusos sexuais, Simone, outra amiga da igreja  de Sara, de 16 anos, teve um surto psicológico por que não aguentou esconder que estava grávida do pastor e não podia falar para ninguém, e no surto a notícia foi quem revelou, que as ovelhas estavam sendo devoradas pelo pastor, pois outros casos pipocou de meninas que caíram na lábia do abusador.
O sonho de Sara se esfarelou, e na depressão entrou, com o casamente, com o amor e com Deus ela se desencantou, pois o Pastor também para São Paulo correu. A igreja fechou e os fiéis a pobre menina julgou, alegando que ela desviou o pastor. E por ironia da história, outra vez como no passado, “crucificando Cristo e adorando Barrabás”.

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